O papel do leitor é também o de pesquisador.
Ficar atento às coisas novas, buscar referências,
seja por meio dos amigos - leitores, sites, blogs.
Ontem tive a felicidade de me deparar com o
trabalho de um escritor americano que eu não conhecia. Frank O'Hara.
Frank O'Hara nasceu em Baltimore em 1929, mas é
conhecido por seu trabalho que tem como pano de fundo a cidade de Nova York.
Teve influência de pintores, como Jackson Pollock, em sua poesia dadaísta
publicada no início da década de 50. E junto com outros poetas como James Schuyler, Barbara Guest e Kenneth Koch, fez parte
do grupo conhecido como Escola de Nova Iorque.
Abaixo
um de seus poemas mais marcantes "Uma Coca-Cola com você".

Uma
Coca-cola com Você
é ainda
melhor que uma viagem a San Sebastian, Irun,Hendaye, Biarritz, Bayonne
ou
que ficar enjoado na Travessera de Gracia em Barcelona
em parte porque
nessa camisa laranja
você parece um São Sebastião melhor e mais feliz
em
parte porque eu gosto tanto de você,
em parte porque você gosta tanto de
iogurte
em parte por causa das tulipas laranja fluorescente
contra a
casca branca das árvores
em parte pelo segredo que nos vem ao sorriso
perto de gente e de estatuária
é difícil quando estou com você acreditar
que existe alguma coisa tão parada
tão solene tão desagradável e
definitiva como estatuária
quando bem na frente delas
na luz quente de
Nova York
às quatro da tarde nós estamos indo e vindo
de um lado para o
outro
como a árvore respirando pelos olhos de seus nós
e a exposição
de retratos parece não ter nenhum rosto, só tinta
de repente você se
surpreende que alguém tenha se dado ao trabalho de pintá-los
olho
pra
você e prefiro de longe olhar para você do que para todos os retratos do
mundo
exceto talvez às vezes o Cavaleiro Polonês
que de
qualquer maneira está no Frick
aonde graças a Deus você nunca foi de modo
que eu posso ir junto com você a primeira vez
e isso de você se mover tão
bonito
mais ou menos dá conta do Futurismo
assim como em casa nunca penso
no Nu Descendo a Escada ou
num ensaio em algum desenho
de Leonardo ou Michelangelo que costumava me deslumbrar
e o que adianta
aos Impressionistas tanta pesquisa
quando eles nunca encontraram a pessoa
certa para ficar perto de uma árvore
quando o sol baixava
ou por sinal
Marino Marini que não escolheu o cavaleiro tão bem
quanto o cavalo
acho que eles todos deixaram de ter uma experiência maravilhosa
que eu não vou desperdiçar por isso
estou te contando